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Projeto Yoga na Educação traz benefícios para alunos de Santo André, mas não será implementado em outras unidades educacionais em 2010
A prática milenar do Yoga faz parte da rotina de vários alunos espalhados pelo mundo. Micheline Flak, professora, introduziu técnicas de yoga no sistema educacional francês, desde 1978. Atualmente ela é a presidente do RYE - Research on Yoga in Education - (Pesquisa de Yoga na Educação), uma associação que se especializou em ensinar técnicas de yoga à educadores, para que eles pudessem colocar em prática os ensinamentos em sala de aula. O RYE atua em diversos países, inclusive no Brasil, obtendo uma melhora no aprendizado e autoestima dos alunos. Em Santo André, a professora Selma Ap. Rodrigues Venâncio tem um projeto similar ao do RYE e desenvolve esta atividade no Instituto Assistencial e Educacional Dr. Klaide. O Projeto Yoga na Educação, atualmente está na Secretaria de Educação, para que a proposta seja implementada nas demais unidades educacionais da cidade.
A professora explica que são vários os benefícios do yoga para os alunos e destaca ”controle da ansiedade; melhora da atenção e concentração”. A palavra Yoga que em sânscrito significa “união” tem justamente o objetivo de harmonizar físico, mental e emocional, partindo do principio de que tudo está interligado. Como referência de seu trabalho ela cita Jean Piaget (biólogo, pesquisador, escritor etc) e justifica: "Para Piaget, na sua teoria genética, o individuo é um todo, sem fragmentos. Unindo essa afirmação com a filosofia do Yoga, é fácil perceber que cada um de nós é um todo e que juntos somos todos um". Venâncio trabalha o yoga com as crianças no Instituto Dr. Klaide, segundo ela idade ideal para começar a prática, mas conta que o projeto é viável até o Ensino Médio.
Professora Selma Ap. Rodrigues Venâncio faz Yoga com crianças em escola em Santo André
A aula para os pequenos é dividida em três momentos: 1º Percepção, para conhecer o corpo, e preservá-lo, pois segundo ela só aquilo que conhecemos podemos preservar; 2º Transformação, transformar o corpo em imagens (ásanas); 3º Relaxamento (Yoga Nidra).
Apesar de bem aceito no Instituto Dr. Klaide, o projeto sofre algumas burocracias para ser implementado nas demais unidades escolares. A professora, há dois anos, trabalha como voluntária duas vezes na semana no local e conta como foi a recepção da proposta pedagógica. "Quando cheguei com a idéia na instituição, a coordenadora e as educadoras abraçaram a proposta, e então nós iniciamos um trabalho em parceria, porque não se faz nada sozinho". A proposta do Yoga na Educação não se resume somente às 2 horas semanais em que ela está no Instituto ensinando esta filosofia, mas já é algo diário, vivenciado pelas educadoras.
Segundo Fabiana Stival Morgado Gomes, gerente de Educação Inclusiva, da Secretaria de Educação, de Santo André, todos os projetos recebidos são analisados e checada a proposta pedagógica neles contida e a possibilidade de implantação em cada unidade escolar. “No início do ano elaboramos um "Cardápio de Projetos", e apresentamos para a equipe de Assistentes Pedagógicas das Unidades Escolares, que discutem as propostas. Porém, o Projeto de Yoga na Educação não faz parte deste "Cardápio” para o ano de 2010” explica ela.
Apesar de o yoga estar presente em diversos locais educacionais, ele precisa ser mais divulgado e seus idealizadores mais persistentes, para conseguirem transformar a proposta em uma política pública de inclusão social, para que mais estudantes possam se beneficiar desta prática. Pois segundo o sociólogo Marcelo Fraccaro, especialista em políticas públicas e direitos humanos “uma política pública é aquela que visa transformar uma realidade e é implementada pelo Estado, com o envolvimento da sociedade civil de alguma maneira”.
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